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Not quite sun, not quite the moon



Quinta-feira, 23.05.13

Raça do cão, ai o raça, pois então

«Eu disse São Bernardo, minha senhora.» Entretanto, a senhora que não estava no céu mas tinha a língua de fora, arfava subindo as escadas e quase babava o soalho de tanto esforço mais cabeçal que físico etc. e tal. Tentei alcançá-la, saltando os degraus, mas foi esforço inglório: ela, auf-auf-obediente, já me trazia um encadernado em papel couché da secção de estimação. E, perante tão enorme e inglório esforço humano, que faço eu ao animal de espécie rara? Pio como uma coruja solitária: «Graciliano Ramos, minha senhora». «Ah, esse deve estar esgotado, que não o vi lá nem conheço a espécie.» Oi?, diria o nativo do país irmão. Eu nem um balbúcio onomatopeico consegui produzir. Piu.

Ledores, eu sei que guardaram em vossos corações a sugestão para Cláudia (deixem-me sonhar), que integrava a lista menos de duzentas qu’é um instantinho, pois, essa, esta, e peço perdão por a trazer de novo à colação (sinónimo de pitança, segundo Monsieur Le Word, o que agora até vem a calhar, derivado da idade da descrita mais acima, como diriam os jovens à deriva), mas não tenho outro remédio, que se não faço share já aqui rebentasse-me a alma.

Isto das livrarias está pela hora da morte. E, quando digo morte, digo mesmo ao segundo, ponteiros alinhados e cronómetro a arrancar mal começamos a pedir ajuda para encontrar o mais singelo título. Em verdade vos digo que ainda há  em escasso número, mas há  casas com livros e pessoas dentro dessas casas que conhecem os ditos, os livros, melhor do que sabem debitar as vantagens do cartão com pontos e descontos e saldos aos molhos, edições há muitas, seus palermas. O inverso do reverso, porém, não obstante e outros sinónimos para parafrasear e ensaiar paráfrases redundantes, também c’est vraie, mes amies cibernetiques. Digo, agora escrevendo efectivamente e efectivamente escrevendo a seguir a esta vírgula, os leitores que não sois vós, ledores, que irrompem pelas livrarias a pedir Os Maias para conhecer outros povos como os Incas que a Stephanie e As Sombras foi muito romance e agora querem ir às origens antigas e donde vem a gente e quem eram aqueles tipos antes de nós na História do Mundo afinal.

Ah, que desgraceira, apre, c’um escamartilhão (nenhuma sugestão ortográfica, pois, obrigadinha, Microsoft) e outros delírios lexicais que remanescem do Camilo. Olhem, eu era mais feliz quando tinha 13 anos e escolhia livros pelos títulos e não tinha coragem para o dirija-se ao balcão, por favor. Foi assim que passei a minha fase Rui Nunes (de gritos) e comprei o Muito, Meu Amor fluorescente no Continente de Leiria, que tanto jeitinho me fez para escrever frases lapidares que ainda permanecem na caixa laranja do meu dicionário Latim-Português (Deus me guarde de efabular em redor e indo a fundo do que poderia ter sido intentar uma investida à menina da secção mais próxima para me elucidar  pijamas, soutiens Dim e flanelas dos anos do Grunge numa grande superfície perto de si).

Era, era mais feliz. E isso ainda era o tempo das bibliotecas e da papelaria onde o senhor Germano sabia de cor os títulos do Cardoso Pires e do outro, o dos Cús. Agora, agora é um vê se te avias, se te avias sozinha e não me chateias, de Janeiro a Janeiro, o preço é sempre baixo e a gente está cá o ano inteiro, trim-tim-tim, chega para lá.

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por T.



por Tânia Raposo


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